Precisava mostrar para o meu bebê que eu era forte... E quem me mostrou isso foi ele!

"Aconteceu em dezembro de 2013. Eu senti um nódulo na minha mama direita e confesso que não me preocupei muito. Afinal, em 2007, eu amamentei meu filho, o leite empedrou  e, desde então, ficou aquele carocinho que, na minha cabeça, era normal.

Só em 2013 eu mostrei o caroço para minha irmã que, de imediato, ficou apavorada e me fez ir à ginecologista. A especialista disse que era normal e que não precisava me preocupar. Insisti para ela solicitar um ultrassom, pois ele me deixaria mais tranquila. No dia que eu fiz o exame, um sábado, o técnico me deixou apavorada: disse que eu tinha que procurar urgentemente uma mastologista. Passei mal.

Na segunda-feira, fui encaminhada para a doutora Taís, uma médica que pode ser chamada de anjo. Ela me encaminhou para o IBCC para fazer biópsia. Este teste ajudaria a saber se realmente eu tinha o que ela suspeitava. Fiz o exame em dezembro e só soube do resultado em janeiro de 2014. Passei as festas de fim de ano com essa angústia.

No dia 11 de janeiro, fui ao médico com a certeza de que ia ouvir ela falar: "Olha, não é maligno". Infelizmente, não foi isso que ouvi. Ela olhou bem dentro dos meu olhos e disse: "Câncer de mama..." Foi o pior momento da minha vida. Já me vi dentro de um caixão, deixando meu filho de apenas seis aninhos órfão. Mas, como disse, a médica era um anjo. Ela começou falar que eu não precisava ficar tão apavorada porque ela ia cuidar de mim e tudo ia dar certo.

Voltei pra casa e procurei não mostrar o medo que estava dentro de mim. Não queria que minha mãe, com oitenta anos de idade, ficasse mal. Também precisava mostrar para o meu filho, apenas um bebê, que eu era forte exatamente como ele imaginava que eu era. 

No dia 9 de abril, fiz a cirurgia. Pensei que ia ficar sem a mama, mas, graças a Deus, não foi preciso retirá-la. Depois de três meses comecei as quimioterapias. Essa foi a pior parte. Tomei a primeira e, com doze dias, meus cabelos começaram a cair. Essa hora dá um desespero tão grande que nem é possível descrever. Senti tanta coisa ruim, mas, em nenhum momento, pensei em desistir.

Minha família me deu todo apoio, amor e carinho que eu precisava, me fortalecendo com orações. Recebi tanto amor que, sinceramente, não sabia que era tão amada por tanta gente. Eu era tão importante!!!!!!!

Isso é a parte boa dessa experiência tão sofrida. Quando meu cabelo caiu, percebi que, um dia, meu filho se trancou no banheiro e estava demorando. Bati na porta e, quando ele abriu, chorando disse: "Mamãe, não briga comigo. Eu só quero ficar igual a você, porque você está linda assim, mamãe!!!" Ele tinha raspado o cabelo com uma lâmina de barbear. Eu nunca vou esquecer esse gesto de amor profundamente sincero. A maior e mais linda declaração de amor!!!!

Hoje, posso dizer, com toda certeza, que me tornei uma pessoa melhor. Não que eu fosse uma pessoa ruim, mas aprendi a dar valor ao que realmente tem valor, entende? Hoje, sou muito mais feliz. Com essa doença, pude ver o tamanho da minha fé, que não existe impossível quando deixamos Deus cuidar das nossas feridas e medos. Quando entregamos nossa vida a Ele podemos sentir o verdadeiro sentido de tudo.

Hoje, estou contando minha experiência que, apesar de tudo, foi mais boa do que ruim. Através dela conheci pessoas maravilhosas, como a turma do núcleo de mama de Barueri, que luta com todas nós, que chora com a gente e que compartilha as nossas dores. Nenhuma palavra escrita poderia dizer o significado do trabalho delas, mas posso dizer que são anjos enviados por Deus."

Maria Pinheiro, de Barueri (SP)