Anatomia da Vesícula

O papel da fisioterapia nos pacientes com câncer de vesícula
   O papel da fisioterapia nos pacientes com câncer de vesícula

A vesícula biliar é uma espécie de bolsa que está localizada na face inferior do fígado o qual produz a bile, substância importante na digestão, especialmente das gorduras. Depois de secretada pelas células hepáticas a bile é recolhida por canalículos que a conduzem intermitentemente até o duodeno. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum é denominado de colédoco. Na parede do duodeno o colédoco apresenta o esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino. Como o esfíncter permanece fechado, aumenta progressivamente a pressão da bile dentro dos canais biliares, enchendo gradativamente também a vesícula biliar. Logo após as refeições, quando o alimento chega ao duodeno, o esfíncter de Oddi abre-se e simultaneamente ocorre a contração da vesícula biliar, devido a sua parede muscular, e consequente excreção da bile para o intestino.

O papel da fisioterapia nos pacientes com câncer de vesícula
   O papel da fisioterapia nos pacientes com câncer de vesícula

Mas para que serve a vesícula?

A vesícula biliar armazena a bile produzida pelo fígado.  A função da bile é emulsificar a gordura, facilitando a digestão. Com a retirada da vesícula, o consumo de alimentos gordurosos deve ser diminuído. Quando funciona dentro da normalidade, a vesícula esvazia seu conteúdo através do conduto biliar no duodeno para facilitar a digestão, favorecendo assim os movimentos dos intestinos e a absorção dos nutrientes. Além disso, evita a putrefação e emulsiona as gorduras.

Câncer de vesícula

Embora o câncer de vesícula biliar seja incomum, representa a neoplasia mais frequente do sistema biliar. O sexo feminino é o mais acometido, numa proporção de 3:1 em relação aos homens, e a incidência é maior na faixa etária dos 65 anos, aumentando gradativamente com a idade.

O câncer na vesícula assim como os cálculos biliares podem permanecer silenciosos durante anos ou se manifestar a qualquer momento. Quando um cálculo da vesícula biliar obstrui o ducto cístico, canal de drenagem para o colédoco, provoca contração da parede muscular da vesícula que se traduz por dor em cólica.

Os estágios do câncer de vesícula:

Fase 0: conhecido como carcinoma in situ, é a fase onde o câncer atinge a mucosa das células vesícula biliar. É raro uma pessoa ser diagnosticada nesta fase.

Fase 1: nesta fase só a parede da vesícula é afetada, o câncer se espalhou ainda mais e está além da camada da mucosa.

Fase 2: o câncer neste estágio se espalha para a parede da vesícula. As células cancerosas se espalham além do tecido da vesícula biliar e começam a afetar os tecidos circundantes e órgãos como o fígado, pâncreas ou intestino.

Fase 3: neste estágio o câncer se espalha para os gânglios linfáticos perto da vesícula ou já atingiu outros órgãos como estômago, cólon ou intestino delgado.  Considerado um dos estágios mais graves de câncer da vesícula biliar que além dos órgãos adjacentes, nódulos linfáticos e vasos sanguíneos órgãos vizinhos também são afetados pelas células tumorais.

Fase 4: o câncer espalhou-se para dois ou mais órgãos perto da vesícula ou um órgão da vesícula como os pulmões. Isso é conhecido como câncer metastático ou secundário. É a fase final do câncer da vesícula biliar. Nesta fase, o tumor se espalhou para áreas distantes da vesícula biliar. Pode haver a formação de tumores cancerígenos que podem ser vistos não só nas áreas próxima, mas também nos órgãos que estão longe.

O câncer de vesícula tem cura quando o seu tratamento é iniciado precocemente com cirurgia, radioterapia ou quimioterapia para eliminar todas as células tumorais e impedir a sua propagação para outros órgãos.

Sinais e sintomas

Geralmente são inespecíficos e estão relacionados à obstrução dos ductos biliares pelo tumor. Inicialmente, a doença evolui sem causar sintomas, o que dificulta o diagnóstico precoce. Dentre os mais frequentes, podemos citar:

  • Anorexia (falta de apetite);
  • Distensão abdominal;
  • Dor abdominal;
  • Febre;
  • Icterícia (coloração amarelada da pele e mucosas);
  • Massa abdominal palpável em hipocôndrio direito;
  • Náuseas e vômitos;
  • Perda de peso;
  • Prurido (coceira).

Fatores de risco

Dentre os principais fatores de risco para o câncer de vias biliares/ vesícula biliar podemos citar:

  • alcoolismo;
  • cálculos biliares;
  • cistos de colédoco;
  • doenças inflamatórias das vias biliares;
  • exposição a nitrosaminas, asbestos, azatolueno, dioxina;
  • infecção por parasitas como Clonorchis sinensis e Opisthorchis viverrini;
  • obesidade;
  • tabagismo.

Diagnóstico do câncer de vesícula

O diagnóstico de câncer de vesícula normalmente é feito por um médico gastroenterologista que utiliza exames como ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Além disso, também podem ser utilizados os exames de sangue CA 19-9 e CA-125 para identificar marcadores tumorais, que são substâncias produzidas pelo organismo em casos de câncer de vesícula biliar.

A maioria dos casos de câncer na vesícula continua ser identificada na preparação para a retirada de pedras na vesícula ou até mesmo durante a cirurgia.

Nem todos os tipos de câncer na vesícula biliar têm cura, sendo que, nos casos mais graves, podem ser usados apenas cuidados paliativos para manter o paciente confortável e sem sintomas.

Tratamento para o câncer de vesícula

A cirurgia para retirada do câncer de vesícula biliar é o tratamento mais utilizado e, geralmente, é feito para remover o máximo de tumor possível, podendo ser dividido em 3 tipos:

  • cirurgia para remover o ducto biliar: é usado quando o câncer não se espalhou além da vesícula biliar e seus canais e envolve a remoção completa do órgão;
  • hepatectomia parcial: é utilizado quando o câncer se encontra perto do fígado, sendo recomendado retirar, além da vesícula, uma pequena porção do fígado sem efeitos colaterais;
  • transplante de fígado: consiste na remoção completa do fígado e do sistema biliar e transplante de fígado por um doador saudável.

Outros tipos de tratamento são utilizados, como:

  • radioterapia: utilizada nos casos mais avançados, em que não é possível remover o tumor apenas com cirurgia, para aliviar os sintomas do paciente, como dor, náuseas persistentes e perda de apetite. Em alguns casos, pode ser atingida a cura apenas com radioterapia.
  • quimioterapia: pode ser feita antes da cirurgia, para reduzir a quantidade de células cancerígenas e facilitar a remoção do tumor, ou então depois da cirurgia, para eliminar as restantes células tumorais.

Fisioterapia no câncer da vesícula

O fisioterapeuta atua no pré-operatório e no pós-operatório de cirurgias na vesícula da seguinte maneira:

  • exercícios respiratórios com intuito da melhoria de ventilação e a oxigenação: com exercícios de respiração diafragmática, segmentar, de baixa frequência e de inspiração máxima sustentada. O objetivo desses exercícios é para promover melhora da ventilação, aumento da efetividade do mecanismo de tosse, prevenir comprometimentos pulmonares, manter e melhorar a mobilidade do tórax e da coluna torácica, corrigir padrões respiratórios ineficientes ou anormais, promovendo relaxamento e melhora da capacidade funcional geral do paciente.
  • prevenir doenças no sistema musculoesquelético: devido ao tempo prolongado no leitopode gerar fraqueza muscular, atrofias, contraturas, doença articular degenerativa e osteoporose.
  • promover a mobilização precoce, pois é uma grande aliada na promoção da higiene brônquica e, além disso, previne complicações circulatórias decorrentes da cirurgia e da imobilidade no leito, com a realização de trocas de decúbitos frequentes, evoluindo para as mobilizações de segmentos e deambulação.
  • orientações ao paciente quanto a realizações de exercícios metabólicos ativos para os membros inferiores após a cirurgia, pois devido à desaceleração do fluxo sanguíneo, há uma predisposição ao desenvolvimento de trombose venosa profunda. Assim, a realização de plantiflexão e dorsiflexão lentas e máximas para melhoria do retorno venoso pelo mecanismo de bomba muscular das panturrilhas se faz muito importante.
  • incentivar o paciente em realização da deambulação precoce, pois visa prevenir complicações deletérias advindas da imobilização no leito.